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abril 22, 2016

Bicha Que Existe (poema)



LGBTs. Na lente da especulação, dos vigilantes do moralismo. 
"Pedem respeito, mas não respeitam" é a ladainha que ouvimos. 
Até da própria comunidade. 
Irônica realidade.
Ávidos e carentes, buscamos colo, respeito, aceitação.
Mas engolimos desrespeito
Se recebemos uma mão
Um tapinha nas contas
Ilusória aprovação.

Bicha irresponsável! 
Você é humilhada, perseguida 
Destratada, agredida
Chacoteada, torturada
Negada, sofrida. 
Reação inconsequente!
Não perdoo, não defendo a sua cuspida.


Ái, meu Deus! Sucumbimos. Devo me retratar?
Perdemos o crédito.
A migalha de consideração
Por qual tanto lutamos com anos de silêncio
De cabaça baixa, de submissão.
E tudo isso por “agir feio”, por estar de saco cheio. 
Fui tola? Fui trouxa? Não sou do mal, sou do bem, poxa! 

Sou uma bicha legal, bicha calada, 
Que não incomoda. 
Recatada.
Que procura se ocultar,
Que não muda a lei para poder casar.
Que não fala do namorado, 
Que não anda de mão dada, 
Que não dá pinta.
Que não beija, 
Não se expõe, 
Não responde, 
Não não reage, 
Não existe…

Não. Não quero isso. 

Quero viver, não sobreviver. 
Existir, não subsistir. 
Ser, não fingir.
Não quero ser uma comodidade,
Mas uma imagem de incômodo 
Que cedo se tornará trivial. 
Quero ser original. 
Euzinha, verdadeira.
Autêntica, fabricação própria, produção caseira.
Feliz, não triste.
A bicha inconveniente, amostrada, irreverente

Mas a bicha que existe.

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